segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

PONTO


        Um dia você acorda do transe e percebe que o que te prendia não é sequer valioso. Que os grilhões que te seguravam eram feitos de barbante, e que de tão frágil a qualquer momento você poderia partir. Então vê que quem lhe prendia ali era você próprio.
         Começa a compreender o que é real é tão fundamental quanto o ar que se respira. Que tudo na vida é transeunte, não para, está tudo em movimento, feito o vai e vêm da maré de um mar revolto.
          Respira aliviado quando olha e tem a certeza que se manteve íntegro, sã e feliz consigo próprio.
         Talvez seja essa a grande sacada de viver; saber que não é autossuficiente, mas às vezes, você se basta. Ponto!

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

TEMPO


          Confesso que levou certo tempo para voltar a escrever em um blog. Blogar é algo um pouco cansativo, além de escrever também tem que ler os outros, pois escrever em um blog é sempre uma ação de dois lados. Há de se ler e ser lido. Mas também o que me levou a voltar a escrever foi a nostalgia... Tempo desses entrei na blogger e fui fuçar meus escritos. Ai percebi como o tempo passou...
         Meu ultimo texto data de setembro de dois mil e nove, portanto, seis anos atrás. E ao notar que já faz todo esse tempo, percebi que eu e minha vida mudaram. Nesse tempo eu me formei em serviço social, pós-graduei duas vezes, montei uma empresa de consultoria social, casei, comprei um casa, depois moto, depois carro, tive um filho, separei e voltei a morar na casa de minha mãe. Ufa! Quanta coisa! (...)
        Também percebi que muito em mim mudou. A seis anos, aos vinte e sete, era um cara totalmente diferente do que sou hoje, aos trinta e três. Nesse tempo encontrei uma doutrina religiosa, o Vale do Amanhecer, tive três trabalhos, montei uma empresa, passei pelo inferno e céu de todo dia de um casamento, tive a magnifica e transformadora experiência da paternidade e me vi com uma fortaleza de suportar provações que a vida me impôs durante todo o ano passado. E é engraçado perceber a mudança em si e entender que não é o mundo ou as pessoas no mundo que mudam, mais sim, você! A porra da maturidade que te faz enxergar um monte de coisas, deixar de lados outras, valorizar cada coisa boa ou ruim do dia-a-dia, e por fim e principal, a vida que faz você dar valor ao que realmente interessa, deixando de lado coisas das quais não somam nem agregam nada para si.
        A ironia de você ler o que escreveu a tanto tempo é perceber que muito de si já não está mais ali; talvez porque não seja mesmo para estar... Alguns textos mostram que a sua essência ainda está intacta. Em outros escritos vê que muito da sua indignação quanto a fatos do dia-a-dia preservam até hoje a mesma verve, e que infelizmente apesar do tempo, nada mudou no cotidiano a sua volta (a política, principalmente).
        Enfim... Quando se ler o que se escreveu acaba entrando em si próprio numa viagem psicodélica! Conheça a ti próprio, mais nem tanto! Brada o escritor. É um túnel do tempo que te mostra que ainda há muito o que escrever, o que contestar, o que dizer... Mas tendo um pouco de esmero na conjugação dos verbos, revisando e corrigindo o texto antes de publicar, e levando em consideração em cada palavra, em cada frase, que o tempo não pára (ave Cazuza!) e você é fruto de suas vivências, cicatrizes, alegrias, tristezas, gozos, e indignações vividas.
         Não garanto post diários mais pelo menos dois semanais e nem sei o tempo que essa nova incursão blogueira irei manter, mais prometo textos reflexivos, poemas de amor (nem sempre), contos (eróticos? Vamos ver!) até que o tempo de trabalho permita ou o saco me falte. Vamos ver o que vai sair dessa nova brincadeira. Aos antigos leitores obrigado por voltarem; aos novos, obrigado por chegarem. Sejam todos (as) bem vindos a essa quinquilharias de ilusões.